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Exposição Matriz Coletiva: Bárbara Sotério, Luana Xavier, Vanessa Guida – Sesc Alpina, Teresópolis, RJ – Agosto de 2022
Matriz é substantivo feminino, palavra fêmea e fértil. Significa útero, fôrma, fonte, fundamento, princípio, manancial. Molde a partir do qual uma peça é fundida. Gravação original feita para ser copiada e reproduzida. Palavra que tem lugar em territórios e disciplinas variados: jurídico, religioso, figurado, tecnológico, botânica, veterinária, matemática, biologia, gráfica, informática – que em si contém a diversidade.
Nomear um coletivo de Matriz já é um enunciado. Organizado durante a pandemia, esse coletivo é uma reação ao desafio de se manterem criativas e produtivas na quarentena. O isolamento afetou sensivelmente os artistas-gravadores, habituados ao ambiente coletivo e acolhedor de ateliê. E assim como o princípio feminino responde pela perpetuação da vida, a união dessas três gravadoras foi (é) resposta a um chamado de sobrevivência: a sina de perseverar na criação, a resistência de teimar na vida, mesmo em momentos adversos e ambientes contrários.
Essa tenacidade é percebida nas obras das três artistas, cada uma em seu modo particular de lidar com o viver e o criar. Na gravura de Vanessa Guida, há um intimismo delineado pelo aquoso, uma submersão suficiente para tocar emoções profundas sem perder de vista a luz da atmosfera acima. As transparências são o recurso escolhidos pela artista para trazer cor e leveza para a sintaxe gráfica. De maneira sutil Guida toca o universo fantástico, terreno que Bárbara Sotério domina guiada por um grafismo de acento expressionista. O diálogo com a mitologia é o espaço para reflexão sobre a relação do ser humano consigo, com o outro e com o mundo. De um ponto de vista essencialmente feminino. Na interação com a matriz, seja de qual matéria for, a energia dos traços é pura eletricidade: os seres de Sotério vibram. As figuras de Luana Xavier também são vibrantes, mas de uma outra natureza. O gesto xilográfico da artista desliza numa sinuosidade decidida, como de uma força telúrica contornando obstáculos. Os braços e gestos das mulheres de Xavier são grandes e vigorosas como suas árvores, que resistem e renascem em seus traços impetuosos, confrontando a adversidade. A luz que suas goivas abrem vêm do fogo.
A Matriz Coletiva – Bárbara Sotério, Luana Xavier e Vanessa Guida – insere-se na tradição da gravura brasileira de que mulheres que elegem a gravura como meio expressivo são fortes. Múltipla e potencial, matriz é mulher.
XI Seminário do Museu D. João VI – Professores-alunos-artistas na Academia e no acervo do Museu D. João VI – 2020 – online
Marcos Varela é um artista formado pela EBA em Gravura, onde se tornou mestre, ensinando a várias gerações até nos deixar em 2019. Sua presença na coleção do Museu Dom João VI é um paralelo entre sua trajetória como artista-professor e a própria formação da coleção do museu, ilustrada pela presença de algumas de suas xilogravuras na chamada desse seminário. Os ex libris são o recorte de sua obra que abordamos para esse estudo. Ex libris (do latim ex libris meis e significa “dos livros de” ou “faz parte dos meus livros”) consiste em uma etiqueta, para ser colada nas primeira páginas de uma livro que indica sua propriedade. Desde o século XV, mantém a mesma configuração, contendo geralmente, além do nome do proprietário, imagens que o identifiquem e fazem parte da tradição da gravura. Ao dedicar parte de sua obra aos ex libris, Varela participa da preservação de uma tradição que se renova na contemporaneidade, porque segundo Gaston Bachelard a gravura tem uma temporalidade especial e conserva o signo da espontaneidade.
29º Encontro da ANPAP – Dispersões – 28 de setembro a 2 de outubro de 2020 – online
A análise da obra Oxossi de Emanoel Araújo é a referência para este estudo sobre a imaginação centrada no pensamento gráfico. Este pensamento compreende a criação como ato fundamentado nos elementos do desenho, bem como o entendimento do espaço, nesses termos. A antropologia auxilia a abordagem da geometria fenomenizada em seus aspectos primitivos e modernos da obra deste artista.
X Seminário do Museu D. João VI – VI Colóquio Coleções de Arte em Portugal e Brasil nos Séculos XIX e XX – O artista em Representação: Coleções de Artistas – 2019 – RJ
Rossini Perez (1932, RN) é um artista multifacetado, atuando como gravador, desenhista e fotógrafo, com uma carreira rica e diversificada. Desde a década de 1960, ele explora a figuração, a geometria e a organicidade, levando a gravura em metal a novos limites. Em 2018, ele compartilhou suas memórias e experiências em uma entrevista, revelando um mundo criativo surpreendente. Seu apartamento-ateliê abriga uma coleção organizada de obras e materiais que refletem seu processo criativo e suas memórias, que são fundamentais para sua arte. Essa coleção é um “autorrecorte” de sua vida e obra, e o projeto “Enroulement” se destaca como um foco de estudo em sua trajetória artística.
XIV Encontro de História da Arte / UNICAMP – Histórias do Olhar – 04 a 08 de novembro de 2019 – Campinas – SP
A obra “Paraler” (2015) de Regina Silveira é um mosaico no chão ao redor da Biblioteca Mário da Andrade, em São Paulo. Este estudo utiliza o método de Michel Haar, que relaciona a fenomenologia da obra com seu contexto artístico e histórico, incorporando ideias de Maurice Merleau-Ponty e Gaston Bachelard, além de Anne-Marie Christin, que analisa a criação da escrita e a leitura da imagem. Nos anos 1960/70, artistas informalistas no Brasil se destacaram em um circuito alternativo e contestador e, nesse contexto, destacamos Biscoito Arte (1976) dentre os primeiros trabalhos da artista envolvendo palavras. A obra de Silveira, feita de porcelanato em formato de bordado, conecta-se ao universo feminino e à materialidade do mosaico, refletindo práticas culturais antigas. A obra provoca uma memória que se alinha à definição de Merleau-Ponty sobre o advento, resgatando tradições e criando novas interpretações. O mosaico, como uma tela, dialoga com a cidade, evocando emoções e experiências que se renovam a cada interação.
IX Seminário do Museu D. João VI – Seminário interno: Pesquisas em andamento sobre os acervos do Museu D. João VI e do Museu Nacional de Belas Artes/IBRAM/MinC (2018) – EBA/UFRJ – RJ
Encontro ANPAP Sudeste de Jovens Pesquisadores – [Estado de Alerta!] – 15 a 18 de maio de 2018 – Niterói – RJ
O projeto de pesquisa de tese Pensamento Gráfico e Estruturas da Criação Artística estuda o pensamento gráfico através da análise de um conjunto de obras de Maria Bonomi, Regina Silveira e Emanoel Araújo. O objeto consiste no aprofundamento de uma das questões tocadas na dissertação de mestrado intitulada Maria Bonomi com a gravura: do meio como fim ao meio como princípio (2016, PPGAV – EBA – UFRJ), na qual abordei a obra gráfica de Maria Bonomi, mais precisamente os desdobramentos realizados pela artista com a gravura no campo expandido da arte contemporânea. Entendemos pensamento gráfico como um dos mecanismos de criação e estruturação de obras de arte contemporâneas que, apesar de profundas diferenças formais e conceituais, deixam indícios de que o disparador do processo criativo, o princípio gráfico, antecede à gravura.
27° Encontro da ANPAP – Práticas e ConfrontAÇÕES – 24 a 28 de setembro de 2018 – SP
Um conjunto de obras de Maria Bonomi e Emanoel Araújo referenciam esta investigação teórica acerca da imaginação que entende a imagem como acontecimento objetivo, evento de linguagem no campo do fenômeno. Considera pensamento gráfico como a maneira particular com a qual o artista cria, seu procedimento mental, uma das formas existentes de imaginar. A análise sobre o processo criativo abarca obras formalmente distintas e esteticamente distantes da gravura ou do desenho, mas que deixam divisar o pensamento gráfico como princípio criador.
VIII Seminário do Museu D. João VI – IV Colóqio Internacional Coleções de Arte em Portugal e Brasil nos séculos XIX e XX – Arte em seus lugares: coleções em espaços reais – 2017 – RJ
26º Encontro da ANPAP – Memórias e InvetAÇÕES – 27 a 29 de setembro de 2017 -Campinas – SP
A instalação escultórica efêmera Circumstantiam (2014) da artista Maria Bonomi é a referência para esta discussão que envolve tempo e memória, suas grandes matérias primas. Nesta obra pública a artista vai além dos desdobramentos e deslocamentos realizados na gravura próprios de seu trabalho, e une a mais antiga técnica de produção de imagens aos recursos digitais e tecnológicos mais atuais, e ainda se apropria de uma imagem de 300 anos, em diálogo com o corte preciso e enérgico de suas goivas. Conceitos dos pensamentos de Aby Warburg e de Didi-Huberman são requisitados para o enfrentamento dessa obra que se abre na intervenção do público, renasce em circunstâncias posteriores, e que não se fecha criando conexões anacrônicas e tempos heterogêneos.
VII Seminário do Museu D. João VI – Academias, modelos e os 200 anos da Academia de Belas Artes do Rio de Janeiro – 2016 – RJ
VI Seminário do Museu D. João VI – Histórias da Escola de Belas Artes: Revisão Crítica de sua Trajetória – 2015 – RJ
A longa história da gravura revela-nos sua natureza experimental propiciadora ao desenvolvimento contínuo, especificidade intrínseca desta mídia. A sua primeira função, de ordem utilitária, onde otimização dos processos e dos resultados gráficos culminavam como objetivos principais, coexistiu com seu uso artístico. Este fato contribui para mostrar a flexibilidade da prática artística, que tanto resgata técnicas antigas como apropria-se de recursos novos, de qualquer natureza. Referimo-nos aos conceitos de anacronismo e sobrevivência segundo Didi-Huberman para justificar as conexões espaço-temporais realizadas pela gravura, onde sua própria história apresenta os compartilhamentos de ordem técnica e expressiva, os quais inserem a gravura como meio expressivo no campo ampliado da arte contemporânea.
24º Encontro da ANPAP – Compartilhamentos na Arte: Redes e Conexões – 22 a 26 de setembro de 2015 – Santa Maria – RS
A longa história da gravura revela-nos sua natureza experimental propiciadora ao desenvolvimento contínuo, especificidade intrínseca dessa mídia. A sua primeira função, de ordem utilitária, quando a otimização dos processos e dos resultados gráficos culminava como objetivos principais, coexistiu com seu uso artístico. Esse fato contribui para mostrar a flexibilidade da prática artística, que tanto resgata técnicas antigas como se apropria de recursos novos de qualquer natureza. Referimo-nos aos conceitos de anacronismo e sobrevivência, segundo Didi-Huberman, para justificar as conexões espaço-temporais realizadas pela gravura, na qual a própria história apresenta os compartilhamentos de ordem técnica e expressiva, nos quais inserem a gravura como meio expressivo no campo ampliado da arte contemporânea.
23º Encontro da ANPAP – “Ecossistemas Artísticos” – 15 a 19 de setembro de 2014 – Belo Horizonte – MG
Nos anos 50/60, período da ativação da gravura artística no Brasil, Maria Bonomi inicia sua trajetória como gravadora. Inicialmente como aprendiz do gravador Lívio Abramo (1903-1992), e após como sua assistente, sua pesquisa funda-se nas infinitas possibilidades investigativas que a gravura oferece. Ao revolucionar a técnica da gravura Maria Bonomi amplia o campo conceitual deste meio expressivo assim como sua relação com outros campos da atividade artística. Sua biografia e produção integram-se na constituição do campo artístico (Bourdieu) demonstrada principalmente através da ativa participação da artista na cena da arte brasileira. O percurso artístico de Bonomi em sua longa carreira e seu afinamento de pensamento com o seu tempo refletem as transformações da arte contemporânea em vários aspectos relevantes, tanto no âmbito da forma quanto na linguagem atualizando a gravura num campo complexo e estendido.
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