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Asas de Menino LITOGRAVURA história da obra e possíveis significados


Asas de menino é apresentada através de minhas memórias, inspirada numa foto de meu filho caçula na época com idade entre 4 ou 5 anos. Seu olhar perdido num ponto distante me lembrou a aptidão nata das crianças de sonharem e a capacidade humana de realizar esses sonhos verdadeiros e puros. A própria fatura da gravura dá o sentido do sonhar, como projeto e meio de realizar e trazer para a realidade na interação com a maneira de se construir as imagens da composição: com bico de pena para a primeira e com uma pena física em frotagem para a segunda. Numa litogravura, como em qualquer outro meio de gravura, o material e o fazer interagem fortemente com a ideia e a poesia. E, se você ao se conectar com Asas de Menino teve outras percepções e sentiu outros significados, está certo também, porque essa é uma das magias da imagem e uma de suas forças: muitas camadas de sentidos numa mesma obra. Interagir com uma imagem desta maneira é ancorar nossa capacidade de realizar nossos planos na conexão com nossa criança interior, sempre presente em nós. Na maior parte das vezes, muito mais que podemos perceber.
Asas de Menino pertence à Série Fantasia Barroca, gravuras contemporâneas abordando a temática dos anjos e penas. A partir de reminiscências da infância do seu filho e da ideia de que cada ser humano tem um anjo guardião, a artista produziu uma série de gravuras relacionadas ao universo do barroco brasileiro, que foi um dos temas de estudo para sua prova de Mestrado em Artes Visuais na UFRJ. A temática angélica do período colonial como figuração ligada à espiritualidade humana chegou até os dias atuais através das obras dos três grandes mestres: Aleijadinho, Mestre Ataíde e Mestre Valentim. E o uso recorrente da figura do anjo por esses mestres é uma imagem intermediária entre o homem, o divino e a pena, simples e bela, símbolo de leveza e desprendimento. Segundo a artista, a pena é para o anjo o mesmo que a pétala é para a flor. Patricia teceu uma série de relações entre o berço e a matriz de madeira usada para gravar as imagens: o berço que acolhe a criança é a matriz que acolhe a imagem; do berço sai a criança para seu crescimento e da matriz sai a imagem para a impressão; do fundo do berço-matriz sai a criança-anjo carregando consigo toda a potencialidade do vir a ser e das infinitas rotas de vôo possíveis. A madeira-matriz é o berço das imagens que a artista criou para essa exposição.
Visite a galeria/loja virtual e conheça as outras obras da série!

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